Olá, queridos leitores!

Em nossa primeira postagem, exploramos o conceito e o escopo da Linguística. Agora, daremos continuidade a essa jornada com uma nova temática: Os atos de fala. Nesta segunda postagem, vamos entender como as palavras que escolhemos e a maneira como as usamos têm o poder de realizar ações. Prepare-se para descobrir o impacto da linguagem no cotidiano e como os atos de fala moldam nossa comunicação.

Austin e Searle e os Atos de Fala | Austin, Grice & Searle

Essa teoria, inicialmente apresentada pelo filósofo John Langshaw Austin (1911-1960), da Escola Analítica de Oxford, trouxe uma nova forma de compreender o uso da linguagem. Posteriormente, foi aprimorada por John Searle (1932), um importante pensador na área. A grande inovação dessa teoria é a ideia de que a fala vai além de simplesmente transmitir informações. Para Austin, falar não é apenas um ato comunicativo, mas uma ação em si mesma, capaz de influenciar tanto o interlocutor quanto o mundo ao redor, atribuindo significados a eles.

Nesse sentido, a contribuição de Austin para a linguística foi considerar a linguagem como uma forma de ação, onde a linguagem não deve ser vista apenas de forma descritiva. Pelo contrário, algumas declarações não têm a função de descrever, mas de realizar ações no mundo. Com efeito, chamamos de ato de fala toda ação realizada através do dizer. Portanto, as ações que se realizam por meio dos atos de fala podem variar consideravelmente, o que torna necessário distinguir as diferentes dimensões que um ato de fala pode ter. Usamos o termo "dimensões" porque, em uma única locução, é possível realizar diferentes atos de fala ao mesmo tempo. Para Austin, dizer algo envolve três atos simultâneos:

Exemplo 01: O senhor está pisando no meu pé. Estamos realizando simultaneamente três atos de fala.

Pés de mulher pisando nas botas do namorado | Foto Grátis

Ato locucionário: neste exemplo, estamos apenas dizendo a frase: "o senhor está pisando no meu pé", o que envolve a construção sintática e o significado literal das palavras.

Ato ilocucionário: ao falar "o senhor está pisando no meu pé", a frase não é apenas uma constatação, mas também pode ser interpretada como uma tentativa de chamar a atenção do interlocutor para a situação e até mesmo expressar uma reclamação ou aviso de que a pessoa está causando um incômodo.

Ato perlocucionário: a intenção ao dizer "o senhor está pisando no meu pé" é causar uma reação, como desconforto, culpa ou constrangimento no outro, o que pode levar o interlocutor a pedir desculpas ou a mudar seu comportamento.

Exemplo 02: Está chovendo muito lá fora!

Ato locucionário: é simplesmente o ato de produzir essas palavras, ou seja, dizer a frase que está sendo dita.

Ato ilocucionário: a informação que o falante quer transmitir, alertando o ouvinte sobre o clima. Nesse caso, a intenção pode ser informar sobre o estado do tempo.

Ato perlocucionário: efeito ou reação que a fala provoca no ouvinte, ou seja, a consequência do que foi dito na audiência. O ouvinte pode, por exemplo, decidir pegar um guarda-chuva devido à informação dada ou ficar preocupado com a possibilidade de um alagamento.

Portanto, temos o ato locucionário, que diz algo; o ato ilocucionário, que realiza uma ação ao ser dito; e o ato perlocucionário, que visa causar efeitos específicos nos ouvintes, como persuadi-los ou influenciar suas decisões.

LETRAS EM ARMAMAR: Classificação dos atos ilocutórios

Referências

AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Tradução de Danilo Marcondes. Porto Alegre: Artes médicas, 1990.

MARTELOTTA, Maria Luiza (org). Manual de Linguística. 2. ed. - São Paulo: Contexto, 2011.

SILVA, Gustavo Adolfo da. Teoria dos Atos de fala. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viiifelin/41.htm. Acesso em 28/03/2025. 

 

 

Comentários

  1. Parabéns! voce deu exemplos das funções dos tres atos de fala. Referencia: procurar informação como fazer referencia de links.

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