Olá, queridos leitores!
Nesta décima postagem, abordaremos o Triângulo Retórico, uma ferramenta essencial para quem deseja estruturar melhor seus pensamentos e apresentar argumentos de forma clara e eficaz. Transmitir uma mensagem de forma convincente nem sempre é fácil. Para muitas pessoas, a simples ideia de falar em público ou escrever para uma audiência já causa ansiedade. Ao comunicar um ponto de vista, seja oralmente ou por escrito, muitas vezes existe apenas uma oportunidade de impactar o público. Se essa chance for perdida, pode ser difícil reconquistar a atenção e a credibilidade.
A Triangulação de Aristóteles e a abordagem de Tellis (2004)
Entendendo o Triângulo Retórico
O triângulo
retórico ou triângulo aristotélico é um conceito da comunicação
persuasiva baseado nas ideias do antigo filósofo Aristóteles sobre o que torna
um argumento persuasivo. É frequentemente representado por um triângulo
equilátero para mostrar que cada elemento é igualmente importante na persuasão
e que todos interagem e se influenciam mutuamente. Aristóteles ressaltava que
um argumento eficaz deve incorporar três tipos de apelos retóricos, ou
maneiras de convencer o público: logos ou apelo à lógica, pathos ou apelo à
emoção e ethos (ou apelo ao caráter). Embora seus ensinamentos se referissem à
oratória persuasiva, eles também podem ser estendidos à escrita.
Fonte
da figura: Triângulo
retórico
Elemento |
Foco Principal |
Papel na comunicação |
Representa |
||
Ethos |
Confiança e Credibilidade |
O orador ou escritor se apresenta como
confiável, ético e competente. |
|
||
Pathos |
|
Apelo aos sentimentos, valores e
experiências da audiência. |
Audiência |
||
Logos |
Lógica e Razão |
Argumentos claros, dados e evidências
bem estruturados. |
Mensagem/Contexto |
Quadro 1: autoria própria
De acordo com esse modelo, a comunicação eficaz exige que o orador ou escritor estabeleça credibilidade (ethos), atraia as emoções do público (pathos) e utilize raciocínio lógico e evidências (logos) para sustentar sua mensagem. O triângulo retórico é frequentemente utilizado nas áreas de retórica, estudos da comunicação e composição para aprimorar a escrita e a oratória persuasivas.
Como usar o Triângulo Retórico?
Quando
você prepara um documento escrito, fala ou apresentação, considere os três
elementos do triângulo. Se a sua comunicação estiver faltando em qualquer uma
das três áreas, você diminuirá o impacto geral da sua mensagem. Exemplos:
Exemplos de Ethos:
1. Anúncios onde médicos ou outros especialistas recomendam um produto.
2. Discursos políticos em que um candidato fala sobre seu compromisso contínuo com a comunidade local.
Exemplos de Pathos:
1. Um abrigo de animais tenta incentivar o público a adotar um animal de estimação tocando em seus corações com imagens de filhotes tristes.
2. Um discurso no qual uma vítima de tráfico compartilha sua experiência pessoal para fazer o público sentir empatia por aqueles afetados pelo tráfico.
Exemplos de Logo:
1. Um comercial de carro destacando a segurança e a eficiência de combustível de sua última edição.
2. Um ensaio sobre mudanças climáticas apresentando tendências de dados de temperatura ao longo do último século para apoiar o argumento de que as temperaturas globais estão aumentando.
Ampliação de Tellis (2004)
Tellis (2004) explora a importância da linguagem e estratégias persuasivas na publicidade, reforçando a maneira como os anúncios são estruturados para influenciar as escolhas e os comportamentos dos consumidores. Destaca, ainda, que a eficácia de um anúncio depende da capacidade do consumidor de processar as informações e de sua motivação para se envolver com o conteúdo. Desse modo, o pesquisador identifica dois tipos de argumentos na publicidade: os primários, que incluem razões e argumentos convincentes, e os periféricos, que se concentram em aspectos contextuais da mensagem que rodeiam os argumentos principais. Ele enfatiza a utilização de argumentos lógicos (logos), endossos (ethos) e apelo emocional (pathos) como componentes essenciais da persuasão publicitária.
Com efeito, a abordagem de Tellis (2004) para a publicidade enfatiza a necessidade de uma compreensão aprofundada de como a persuasão funciona, considerando tanto os aspectos racionais quanto os emocionais das mensagens publicitárias. Essa visão destaca a complexidade e a sofisticação da publicidade como uma forma de comunicação que busca influenciar efetivamente as escolhas e preferências do público.
Rayssa
Leal, a skatista que aos 13 anos tornou-se a mais jovem medalhista olímpica
brasileira, estrela o vídeo publicitário da Nike chamado “Novas Fadas”. A peça
tinha mais de 1,6 milhão de visualizações até 31 de julho de 2021. A
adolescente, que ficou conhecida como “Fadinha”, aparece com um par de asas nas
costas enquanto faz manobras em um cenário urbano bem diferente dos contos
infantis. A peça é embalada pela música “Um sonho é um desejo d’alma”, versão
do compositor brasileiro Braguinha para a animação Cinderela.
Partindo do argumento (logos), analisamos a mensagem do anúncio. A lógica utilizada para destacar os benefícios dos produtos da marca Nike é interpretada visando persuadir através de sua relevância. Nesse contexto, a estratégia inclui argumentos de suporte, como a frase “um sonho é um desejo d’alma”, atribuindo positividade à marca sem comparação direta com outras marcas. No âmbito emocional (pathos), a abordagem destaca a criação de conexões sentimentais, evidenciando elementos semióticos explícitos e implícitos. A peça é embalada pela música “Um sonho é um desejo d’alma”, versão do compositor brasileiro Braguinha para a animação Cinderela. O trecho destaca a análise do anúncio global da Nike “Novas Fadas” e ressalta o papel dos endossantes (ethos) na persuasão. Além disso, a presença do drama no enredo descrito pela marca é identificada quando, ao final do anúncio, é apresentada uma gravação da skatista em anos anteriores.
Em síntese, a retórica aristotélica desempenha um papel pertinente na publicidade moderna e as categorias estabelecidas por Tellis (2004) refletem a aplicação dos três meios de persuasão aristotélicos em estratégias publicitárias atuais.
REFERÊNCIAS
TAURISANO, Ricardo Reali. As provas da arte retórica: êthos, pathos, lógos nas confissões de agostinho de hipona. Revista de ética e filosofia política, Juiz de Fora, n. 18, p. 129-175, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/eticaefilosofia/article/view/17665. Acesso em: 22 jun. 2025.
TELLIS, G.J. Effective
advertising: understanding when, how, and why advertising works. California:
Sage publications, 2004.
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